Eles não gostam muito do termo, mas foi exatamente isso o que ocorreu. A Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores intervém na escolha do candidato do PT que deverá disputar a Prefeitura de João Pessoa. A Excutiva Municipal havia deliberado que os candidatos do partido deveriam se submeterem a um processo interno de prévia, onde seriam escolhidos, se submetendo ao crivo dos militantes, num processo bastante democrático. A proposta não foi aceita por um dos aspirantes, o Deputado Estadual Luciano Cartaxo, por duas vezes prefeito da capital dos paraibanos.
O ex-gestor concorreia no processo interno com a Deputada Estadual Cida Ramos, que continua firme em seu propósito de participar das prévias. A tessitura, articulada entre os dirigentes locais e o GTE (Grupo de Trabalho Especial, coordenado pelo senador Humberto Costa), naturalmente, que a prejudica. Não seria improvável que ela teria melhores condições de competitividade na disputa interna com o Luciano Cartaxo, principalmente depois de algumas declarações infelizes do petista.
O GTE - Grupo de Trabalho Especial -, que está encarregado de articular as estratégias e definir os candidatos do PT que disputarão as próximas eleicões municipais pela legenda desembarcou na Paraíba exatamente para, em conjunto com o diretório local da legenda, bater o martelo sobre a definição de um nome, passando por cima das democráticas previas, que embalaram as decisões tomadas pela legenda no passado, tornando o partido o mais democrático do nosso sistema partidário.
Espanta saber que grandes lideranças do partido, que estiveram junto com a militância desde aqueles dias difíceis da década de 80, quando o PT foi fundado, tenham sucumbido de forma tão radical ao processo de oligarquização ao qual o partido foi submetido ao longo desses anos. Numa entrevista concedido a este editor, o ex-deputado Paulo Rubem Santiago confessou que o partido, por absoluta falta de espaços, se reunia, emblematicamente, no Sindicato das Empregadas Domésticas, aqui no Recife.
Para o sociólogo alemão Robert Michels, que, em 1911 cunhou o conceito de Lei de Ferro das Oligarquias, trata-se apenas de uma questão de tempo para instituições como sindicatos e partidos políticos assumirem esse processo de oligarquização. Quem estudasse o PT daqueles tempos, talvez não chegasse a essas conclusões. Muitos estudiosos, inclusive de outros países, vieram ao Brasil exatamente para entender melhor o fenômeno daquele grêmio partidário com características tão particulares.
Tudo isso passou. Hoje o partido foge das prévias como o diabo foge da cruz. A intervenção é um indicador claro de que setores do partido teriam a tendência de apoiar o nome de Luciano Cartaxo para a disputa, prejudicando, sensivelmente, a aspiração natural da deputada Cida Ramos(PT-PB), assim como a militância orgânica que fecharia com ela nas prévias internas. Uma pena.
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