Diante da enorme repercussão do crime, o ex-militar Ronnie Lessa, que efetivou os disparos que mataram a ex-vereadora Marielle Franco e o seu motorista, Anderson Gomes, procurou os mandantes do crime para uma conversa, onde demonstrou grande preocupação sobre o desfecho do caso. Ouviu dos mandantes a recomendação de que se mantivesse tranquilo, pois o caso não iria dá em nada. De fato, os algozes se mantiveram impunes durante seis anos, período em que a sociedade brasileira cobrava, insistentemente,a elucidação do crime, com a identificação dos seus mandantes.
Várias manobras foram urdidas durante este período, sempre no sentido de proteger os tais mandantes, o que implicou em ameaças aos investigadores ou forças-tarefa; tentativa de forjar uma narrativa que livrasse da responsabilidade do ocorrido seus reais autores, como uma visita ao presídio de Mossoró, com o objetivo de cooptar um "laranja" para ser responsabilizado; tranferência de delegado que investigava o caso para fazer curso de especialização na Itália, além de outras manobras do gênero.
Nada disso causa estranhamento, quando se sabe que os envolvidos gozavam de grande capilaridade política e social, um deles no parlamento, outro atuando como conselheiro em órgao de fiscalização e controle de contas públicas, além de um Chefe da Polícia Civil à época, o que dá a dimensão do índice de como o aparelho de Estado no Rio de Janeiro está irremediavelmente comprometido pelos falsos agentes de Estado, que ocupam funções públicas, mas, na realidade, estão a serviço do crime organizado, seja traficantes, milicianos ou narcomilicianos, embora hoje esteja tudo junto e misturado. Nem determinados grupos evangélicos escaparam a este processo.
O Caso Marielle só avançou depois de federalizado, aliado a uma conjuntura política favorável, como a ascensão ao poder de um conjunto de forças com a determinação de equacionar o problema e, de fato, fazer justiça ao ocorrido. Penso que, neste momento, o ex-Ministro da Justiça, hoje no STF, ministro Flávio Dino, gostaria muito de voltar ao cargo para fazer esta prestação de conta à sociedade brasileira. Quando o maranhense assumiu o cargo se comprometeu em solucionar o caso. Nosso reconhecimento ao trabalho desenvolvido pela Polícia Federal, a Procuradoria-Geral da República e o Ministério Público do Rio de Janeiro.
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