pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: Governador Tarcísio de Freitas: "Não estou nem aí".
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sábado, 9 de março de 2024

Editorial: Governador Tarcísio de Freitas: "Não estou nem aí".



Por razões óbvias, repercute bastante uma declaração recente do governador Tarcísio de Freitas, durante um  evento, onde a imprensa repertiu as críticas à Operaçaõ Verão 2024, desencadeada pela Polícia Miltar do Estado, onde já foram mortas 38 pessoas, algumas das quais em circunstânicas que estão sendo investigadas, pois pesa sobre essas mortes denúncias de moradores sobre eventuais excessos cometidos pela Polícia Militar.  Para completar este enredo, no dia de ontem, um morador negro e cego foi morto durante uma abordagem da polícia. 

Algumas entidades da sociedade civil estão recorrendo à ONU para denunciar eventuais excessos nessas operações, desencadeadas depois da morte de um policial da Rota - Rondas Ostensivas Tobias Aguiar. Em termos de latalidade, tal operação só fica atrás do Massacre do Carandiru, onde 111 detentos foram mortos durante uma rebelião. O governador Tarcísio de Freitas faz uma defesa veemente das operações, orgulha-se dos seus resultados positivos e rechaça, de forma ainda mais veemente, eventuais denúncias de excessos ou irregularidades cometidas pela PM ao órgão das Nações Unidas. A Ouvidoria da Polícia Militar está acompanhando de perto essas denúncias. 

Conforme costumamos enfatizar,o país passa por um momento muito difícil. Estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia a até Pernambuco mais recentemete, estão observando um grande avanço do crime organizado, que estão conquistando uma enorme capilaridade junto às instituições republicanas, a exemplo dos executivos estaduais, dos órgãos representativos e até em áreas do Poder Judiciário. São narcotraficantes, milicianos, narcomilicianos  que movimentam bilhões em suas operações ilegais, corroendo perigosamente o aparelho de Estado. Trata-se de uma realidade que não pode ser ignorada. O próprio governador comemorou a prisão de uma contadora do crime organizada que já havia movimentado algo em torno de R$ 4 bilhões.  

Um elevado índice de crimes violentos letais intencionais podem ser creditados a esse arranjo macabro, onde são mortos integrantes de grupos rivais, consumidores de drogas que não honraram suas dívidas, comerciantes que se recusaram a pagar as extorções, agentes de Estado em suas atividades regulares, desafetos dos interesses desses grupos, além, naturalmente, dos crimes por encomenda, uma vez que se trata de um "nicho" explorado por milicianos. Estima-se que milhões tenham sido pagos para assassinar a vereadora Marielle Franco, que morreu por sua atuação, ao contrariar os interesses de milicianos.   

Em situações limites, em relação a alguns entes federados, já podemos falar em algo semelhante ao que ocorre em  Estados mexicanos, onde até agentes das forças especiais, formados pelas Forças Armadas do país, são cooptadas para atuarem no crime organizado. O Estado, por sua vez, precisa negociar a prisão de alguns chefões, em condições bastante especiais. Em Sinaloa, por exemplo, já houve momento em que o Governo precisou determinar a soltura de um dos herdeiros de Joaquín Guzmán,  El Chapo, que cumpre pena em prisão de segurança máxima nos Estados Unidos. Os caras tocaram fogo em Sinaloa, impondo-se ao Estado recuar diante do massacre à população civil.    

A rendição do miliciano Luís Antonio Silva Braga, o  "Zinho", por exemplo, que era o narcotraficante mais procurado do Rio de Janeiro, envolveu uma operação das mais complexas, sobre a qual não vamos entrar nos detalhes por aqui. A notícia alvissareira é que, depois que ele caiu, inúmeros integrantes do grupo estão sendo alcançados em operações muito bem-conduzidas pela Polícia Civil daquele Estado, por vezes com o concurso da Polícia Rodoviária Federal. 

O que está ocorrendo no Estado de São Paulo é a mesma situação do Estado da Bahia, hoje o mais violento do país, ou seja, em situações assim, o governador se torna quase que refém de suas forças de segurança. O PSOL, que era da base aliada ao Governo estadual, por exemplo, já abandonou o governador Jerônimo Rodrigues, exatamente por criticar sua postura em relação a eventuais violações de direitos humanos cometidas pela polícia no enfrentamento ao crime organizado no Estado.

O dilema que se coloca aqui no Estado é aparentemente simples: Ou a governadora adota as medidas necessárias para enfrentar o problema ou os índices de violência irão destruir o seu Governo. As ações, no entanto, precisam ser oriantadas por parâmetros legais, constitucionais e republicanos. Não se pode perder de vista esse balisamento. A governadora está sendo apontada como a menos aprovada do país e podemos ter certeza, conforme afirmamos no dia de ontem, que a variável violência está dando uma contribuição enorme para a formação desses índices negativos.

Quanto ao governador Tarcísio de Freitas o que nos parece é que ele resolveu assumir de vez sua condição de um bolsonarista raiz. Há, inclusive, especulações de que ele estaria em fase de migração para o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. Diante de uma quadra política extremamente polarizada, não existe meio-termo. Ou se é bolsonarista ou não se é bolsonarista. Assim, ele vem moldando a sua agenda política. Insiste, por exemplo, na privatização da SABESP quando os países europeus estão voltando atrás em seus programas de privatização da água e saneamento, depois de rotundos fracassos. 

Neste diapasão, pouco importa a Ouvidoria falar de massacre em tais operações, pois o capitão Guilherme Derrite, Secretário de Segurança Pública do Estado, continuará prestigiadíssimo. Até nas narrativas discursivas, Bolsonaro e Tarcísio começam a se assemelharem. Alguém pode negar que a frase "Eu não estou nem aí" poderia ter sido dita pelo ex-presidente Jair Bolsonaro? Diante dos problemas eleitorais do capitão, a possibilidade de Tarcísio de Freitas já entrar no jogo presidencial ainda em 2026 voltou a ser especulada.        

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