Nove em cada 10 cientistas políticos estão se rendendo ao óbvio, ou seja, admitem que as eleições presidenciais de outubro irão mesmo para um segundo turno e que a razão para isso está mesmo nos indicadores da economia, mesmo que melhorados através de remédios duvidosos, como a adoção de um pacote de medidas extremamente danosas no tocante às contas públicas, traduzidos na PEC das Bondades. O fato concreto é que as consequências disso pouco importa para os milhões de beneficiários que contarão com este aporte financeiro para suportar o tenebroso inverno produzido pela inflação e pela ausência de uma oportunidade de emprego.
Não é brincadeira que um pãozinho francês tenha chegado a quase um real, uma caixa de leite longa vida a R$10,00 e uma lata de óleo de soja a R$ 15,00. A estimativa é que, somente com o Auxílio Brasil, 90 milhões de brasileiros e brasileiras sejam beneficiados, com direito, inclusive, a fazer um empréstimo consignado na rede bancário, com valores de R$2.600,00. Sem falar no Vale-Gás e no Voucher para os caminhoeiros, no valor de R$500,00. Apenas o anúncio dessas medidas já teria sido suficientes para melhorar o humor dos eleitores em relação ao Presidente da República, Jair Bolsonaro, que concorre à reeleição.
Isoladamnte, os rumos da política econômica é uma viriável determinante num projeto de reeleição. Parafraseando o economista Roberto Campos, o bolso é a parte não apenas mais sensível do ser humano, mas também ao eleitor. Curioso que, num eventual segundo turno entre Lula e Jair Bolsonaro, de acordo com essas mesmas pesquisas que apontam uma aproximação entre ambos no primeiro turno das eleições, o petista ainda conserva uma ligeira dianteira. O que estaria pesando contra Jair Bolsonaro neste segundo momento? Seria só uma questão de tempo para mudar esses escores? Ou isso não mudaria porque, num segundo momento, a preservação das instituições da democracia estaria inclinando o voto do eleitor? Já que a nossa sociedade civil está mobilizada na defesa da democracia - através de atos e manifestos - vai aqui uma sugestão para os institutos de pesquisa: averiguar, até que ponto, o desprezo pela democracia exerce uma influência num projeto de reeleição. Ou isso não tem nada a ver e o fenômeno da dianteira de Lula num eventual segundo turno se daria simplesmente pela migração de votos dos outros candidatos, a exemplo dos eleitores de Ciro Gomes, por exemplo. Sabe-se, entretanto, que essa pregação de negacionismo democrático não deve fazer bem à saúde eleitoral de quem objetiva um projeto de reeleição.
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