Hoje, dia 05\08, o PSB realiza sua convenção com o objetivo de homologar a candidatura do Deputado Federal Danilo Cabral(PSB-PE) para o Governo do Estado. Como se sabe, o candidato enfrenta grandes dificuldades de afirmar sua candidatura até mesmo junto a segmentos das hostes socialistas da Frente Popular. Não é o candidato do "consenso", tampouco "natural", em razão dos inúmeros problemas e jogos de interesses que podem ser elencados no conjunto da Frente Popular.
Na realidade, a Frente Popular emite sinais evidentes de uma implosão irreversível, que pode ter seu desfecho com o resultado das eleições de outubro. Todos os dias são relatados casos de dissidências entre integrantes dos principais partidos que integram essa frente, como é o caso do PT e do PSB. Soma-se a isso, partidos e lideranças políticas expressivas que abandonaram a Frente Popular para vincularem ao projeto de Marília Arraes, como é o Deputado Federal Sebastião Oliveira, do Avante, hoje candidato a vice na sua chapa.
A solução, até o momento, tem sido a expulsão sumária desses dissidentes da legenda, mas os danos podem ser irreparáveis. Uma vitória política de Marília Arraes, por exemplo, como eles mesmos admitem, pode ser uma pá de cal num projeto de poder que já sobrevive há 16 anos no Estado. É curioso como, mesmo sendo descendente da mesma nucleação familiar Campos\Arraes, Marília pode representar essa ruptura, pois, assim, assume o espólio político da família Arraes, antes hegemonizado pelos herdeiros do governador Eduardo Campos.
Tal feito, igualmente, também interdita setores oligárquicos do PT, que sobrevivem à sombra do PSB, e sempre trabalharam contra a candidata quando ela ainda estava na legenda. Marília tem um trânsito político que vai dos setores populares mais orgânicos até o flerte, ocorrido nas últimas eleições para a Prefeitura da Cidade do Recife, com políticos ligados ao bolsonarismo, fato que tem preocupado o PT no plano nacional. Consciente das dificuldades de tornar a chapa, de fato, competitiva, investem, agora, não numa eventual vitória - hoje muito difícil - mas no objetivo de impedir que a neta de Arraes chegue ao Palácio do Campo das Princesas.
A estratégia de bater em Marília pode não ser uma estratégia bem-sucedida, pois pode resultar no efeito "fermento", uma vez que já se construiu, no imaginário popular, a imagem de que Marília é uma "mulher perseguida'. Se escalarem homens para essa missão aí é que as coisas pioram. Guardadas as suas particularidades - como o confuso processo de escolha sobre o seu nome para disputar o governo - o que ocorre com Danilo Cabral é um pouco o fenômeno que ocorre com outros nomes que concorrem aos Governos dos Estados pela coligação PT\PSB, ou seja, apostam numa incerta transferência de voto do morubixaba petista, Luiz Inácio Lula da Silva, como uma espécie de tábua de salvação.
Seria o caso da Bahia, como Jerônimo Rodrigues(PT-BA), de Minas Gerais, como Alexandre Kalil(PSD-MG), e, possivelmente, Helmano de Freitas(PT-CE), do Ceará, embora este último conte com um grande padrinho politico, o ex-governador Camilo Santana(PT-CE), que concorre ao Senado Federal na mesma chapa. Pelo menos em Minas Gerais e na Bahia é muito pouco provável que este quadro seja revertido. A coisa é tão complicada que uma pesquisa apontou a queda - e não a subida - de Kalil depois de confirmado o apoio de Lula.
O eleitor de Minas está consolidando uma espécie de voto "Luzema', ou seja, Lula para o Planalto e Romeu Zema(Novo) para continuar como inquilino do Palacio Tiradentes. assim como ocorre na Bahia, onde a eleição de ACM Neto é tida como certa. Este editor cunhou a expressão: ACMLula, para identificar o mesmo fenômeno que ocorre em Minas Gerais. O Estado de Pernambuco não encontra-se apenas numa espécie de fadiga de material, mas mergulhou numa debacle, aparecendo negativamente, no plano nacional, com índices caóticos nos indicadores de desempenho da economia e na assistência social à sua população.
A população desaprova 70% esse governo. É uma grande ilusão achar que provocar uma polarização seria suficiente para ofuscar da população essa realidade cotidiana. O eleitor não é bobo. Quando se elegeu pela primeira vez ao Governo do Estado, Eduardo Campos enfrentou grandes dificuldades, mas tinha em mãos um projeto de mudanças, como enfrentar o problema da violência urbana. Pernambuco era então um dos Estados mais violentos do país e ele prometeu - e cumpriu - tirar o Estado dessa triste condição.
Fazia questão de acompanhar, pessoalmente, as reuniões do Pacto Pela Vida, com a participação da sociedade civil, cobrando resultados concretos. Nas atuais circunstâncias, os sociasitas perderam a condição de propor algo, o que torna inviável o seu projeto de continuar à frente do Palácio do Campo das Princesas. Segundo alguns observadores, o próprio Danilo Cabral teria usado a expressão que dá título a este artigo, ou seja, diane de tantos problemas, teria dito que estava num maracatu mal-ensaiado. E está mesmo.
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