pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: O determinante para a definição do voto evangélico
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terça-feira, 23 de agosto de 2022

Editorial: O determinante para a definição do voto evangélico


O cientista político polonês, Adam Przeworski, tornou-se mundialmente conhecido pelos seus estudos sobre os regimes democráticos. Hoje, seus análises políticas estabelecendo uma conecção orgânica entre democracia econômica e democracia política, por razões óbvias, deve ser o tema que mais entusiasma admiradores e estudiosos de sua obra. Num amplo, levantamento envolvendo várias experiências democráticas ao redor do mundo, o cientista político concluiu que, quanto maior a renda per capita da população, menores são as chances de um retrocesso autoritário. Há países onde essas possibilidades são reduzidas a zero.

Mas, ali pelo início de sua trajetória acadêmica bem-sucedida, Adam Przeworski realizou um estudo bastante interessante sobre os aspectos indutores do voto dos eleitores. Quais são as variáveis que determinam o voto do eleitor, a partir de seu perfil pessoal ou expectativas em relação aos candidatos que disputam uma determinada eleição? Ele cita alguns exemplos emblemáticos para subsidiar suas conclusões. O cidadão é  de baixa renda, mora na periferia, usa transporte público, frequenta uma igreja evangélica, tem um filho homossexual, recebe o Auxílio Brasil. O Auxílio Brasil, natualmente, fica por nossa conta. Na época em que Adam realizou seus estudos este auxílio ainda não havia sido criado.   

Qual dessa condição será determinante para a definição do voto deste eleitor? a pauta das políticas econômicas? a moral e os bons costumes do ideário da religião evangélica? os transtornos que ele enfrenta no dia-a-dia para chegar ao trabalho e voltar para casa, mesmo em se tratando de uma eleição presidencial - aqui no Recife há um problema sério com os trens urbanos, que conta com recursos federais? O fato de o futuro presidente reconhecer e ampliar os direitos de minorias como os LGBTQIA+? Essas reflexões vieram à tona depois da matéria que li na revista Veja, escrita pelo consultor e articulista Thomas Traumann, tratando dos descaminhos do PT em relação à questão do eleitorado evangélico, ora não investindo numa articulação específica - que chegou a ser cogitada - ora enquadrando tudo numa agenda de política econômica, quando se sabe que as questões morais e de costumes são mais definidores do voto desse contingente do eleitorado. 

Uma das artífices da diretriz de não tratar este grupo com uma especificidade é a Deputada Federal Benedita da Silva. Como já afirmamos em outros momentos, o PT perdeu o timing em relação a este assunto e parece-nos que pouco coisa possa ser refeita. Enquanto isso, o adversário avança sobre um eleitorado sensivelmente envolvido por uma narrativa de demonizar o petismo, associando-o a práticas diabólicas, de fechamento  igrejas, bem ao gosto do rebanho. Até o aparato tecnológico das fake news estão sendo utilizados com tal finalidade. Não se pode negligenciar um eleitorado que representa 27% do total de eleitores e o PT está fazendo exatamente isso.   

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